1. Suponha este diálogo entre dois personagens de um conto:
_ Então, Damásio, aquele mascate falastrão sumiu, hein... Deve estar aprontando das suas em outras fazendas da redondeza. _ Sei não, seu coronel... No meu ver, nessas alturas, ele, com sua tropa minha minguada, já cruzou o rio e se afundou no sertão. Aquilo patrão é um ser sem Deus e sem destino
Em relação alguns elementos textuais desse trecho, assinale a afirmação incorreta:
a) Em "aquele mascate", o demonstrativo aponta para um indivíduo fisicamente ausente do espaço físico do diálogo, mas que por conta de eventos anteriores, é do conhecimento dos dois interlocutores .
b) Em "aprontando das suas", o falante atribui às atividades do mascate uma conotação negativa; de crítica e desaprovação.
c) Em "seu coronel" e "sua tropinha", as formas destacadas têm o mesmo valor semântico.
d) A expressão "nessas alturas" aponta para o momento do diálogo entre os dois personagens.
e) No caso, "aquilo" é um recurso linguístico que o falante usa para se referir de forma pejorativa ao mascate, deslocando-o da categoria de pessoa para a categoria de "coisa".
Gabarito: C
Em "seu coronel" e "sua tropinha", as formas destacadas têm o mesmo valor semântico.
2. Vimos, na exposição teórica, que os demonstrativos localizam os seres no espaço, situam alimentos no próprio texto ou localizam fatos ou informações no tempo. Considerando esses empregos, complete as lacunas dos enunciados a seguir com as formas dos demonstrativos recomendados pela variedade padrão.
a) Pouca gente sabe que ........ pontinhos vermelhos lá no céu são satélites artificiais. (esses - estes - aqueles)
b) _ Comprei ......... livro “A dieta milagrosa para emagrecer”!
Basicamente diz para não comer nada!
Então onde está o milagre?
_ O milagre é que você comprou ............. !
(esse - este; isso - isto)
c) Queria estar, .......... exato momento, aí ao seu lado, para ver ......... seu sorriso lindo. (nesse - neste; esse - este)
d) Sinto um arrepio quando ela me fita com ........... belíssimos olhos azuis. (esses - aqueles - estes)
e) A palavra de que os estudantes mais gostam é .......: férias. (esta - essa)
e) Ele é impaciente, desorganizado, não respeita a opinião dos colegas e não sabe trabalhar em grupo; tudo ......... tornou insustentável a sua permanência na empresa. (isto - isso)
Gabarito:
A) Aqueles
B) Este/Isso
C) Neste/ Esse
D) Aqueles
E) isso
3. Explique a diferença de sentido entre os enunciados de cada par:
a) 1. Ele trabalha no sítio toda semana.
2. Ele trabalha no sítio toda a semana.
b) 1. Ele sabia que algum amigo o ajudaria naquela situação difícil.
2. Ele sabia que amigo algum ou ajudaria naquela situação difícil.
c) 1. Um amor assim delicado nenhum homem daria.
2. Um amor assim delicado nem um homem daria.
Gabarito:
A) 1. Semanalmente, mas não todos os dias da semana.
2. A semana inteira; todos os dias da semana.
B) 1. Ele seria ajudado por um dos amigos, ele receberia alguma ajuda.
2. Nenhum amigo ajudaria-o; ele não receberia ajuda nenhuma.
C) 1. Não há um único homem capaz de dar um amor assim.
2. Nem mesmo um homem daria um amor assim. Fica implícito que muito menos uma mulher conseguiria dá-lo.
4. Leia esse trecho da crônica é responda os itens de A a D.
" Foi o português que trouxe a mangueira da Índia, foi o português que aprendeu com o índio a fazer redes, mas a ideia de armar a rede embaixo da mangueira é uma ideia toda brasileira. creio que, ao longo dos quatro séculos e meio em que tentamos formar nos trópicos uma confusa civilização, essa foi a coisa mais bem combinada que chegamos a fazer. esta profunda reflexão sociológica nasceu e meu fim no espírito no último domingo à tardinha, mais nada, apenas se deixou embalar junto com o corpo [...]."
A) reescreva o trecho” [...] uma ideia toda brasileira”, substituindo a palavra destacada por um sinônimo. depois explique porque, no caso, toda não funciona como pronome indefinido.
B) O demonstrativo esta, em suas duas ocorrências, contribuiu para a coesão textual como anafórico ou catafórico? Justifique.
C) Se esse texto não fosse uma crônica - gênero que usualmente se emprega variedade coloquial -, e sim um texto estritamente formal, seria necessário alterar a forma do pronome referido em b? Justifique.
D) Que efeito de sentido o cronista procurou obter ao empregar os adjetivos “profunda” e “fino”?
Gabarito:
A) Uma ideia totalmente brasileira. “Toda” funciona como indefinido quando
exprime uma quantidade indeterminada. No caso, ela se refere ao adjetivo
“brasileira”, exprimindo uma ideia de totalidade.
B) Anafórico. Nos dois casos, o pronome se refere a elementos já citados no
texto.
C) Seria, já que na variante formal da língua, para estabelecer referência anafórica, é
recomendável empregar a forma “essa” e não “esta”.
D) O cronista está ironizando a si mesmo. O que ele pensa sobre a ideia de
armar a rede sob a mangueira não é, evidentemente, uma “reflexão
sociológica”, nem o espírito dele, nessa situação, está sendo “fino”. O cronista
está, num domingo à tarde, numa rede sob a mangueira e pensando algo meio
descompromissado. Tanto é que, no final, ele declara “meu espírito não
produziu mais nada”, ou seja, ele está cochilando, quase dormindo.
5. O trecho a seguir é o início de uma crônica do escritor Moacyr Sciliar. Leia-o.
Para ele, o fim de ano era sempre uma época dura, difícil de suportar. Sofria daquele tipo de tristeza mórbida que acomete algumas pessoas nos festejos do Natal e de Ano-Novo. No seu caso havia uma razão óbvia para isso: aos 70 anos, solteirão, sem parentes, sem amigos, não tinha com quem celebrar, ninguém o convidava para a festa alguma. O jeito era tomar um porre, e era o que fazia, mas o resultado era melancólico: além da solidão, tinha que suportar a ressaca. [...]
Relativamente aos valores semânticos dos pronomes destacados e aos mesmos mecanismos de referência e coesão estabelecidos por eles nesse trecho, assinale a informação incorreta.
A) Ele, empregado no início da crônica, não tenho referente explícito, o que generaliza (torna mais vaga) a caracterização do personagem.
B) Em “daquele tipo de tristeza”, o demonstrativo evidencia o cronista se refere há um tipo de tristeza que já é do conhecimento de mundo do leitor.
C) Isso é um anafórico que retoma a ideia expressa em “tristeza mórbida que acomete algumas pessoas nos festejos de Natal e Ano-Novo".
D) Nas expressões “algumas pessoas” e “festa alguma”, o indefinido tem. nos dois casos, valor de negação.
E) Em “e era o que fazia”, o “o” funciona como demonstrativo anafórico e tem como referente a expressão “tomar um porre”.
Gabarito: D
Nas expressões “algumas pessoas” e “festa alguma”, o indefinido tem. nos dois casos, valor de negação.